Ela e as Palavras Arquivo

Com Tatiane Machado     Simplesmente não sei o que você vê em mim. Você não enxerga que me usa para seus problemas, mas nem sequer me procura para comemorar. Sou quem você procura quando não tem ninguém? Sou eu aquela que deve pegar as suas dores?Sou eu que devo curar a sua magoa? Destruir seus desamores?Sou eu que devo consolar suas lamentações?Restaurar sua alma quando ninguém mais te querer por perto? É sou eu,que segura sua barra, salva-lhe do perigo, que esconde suas meias verdades. Sou eu que sabe dos seus segredos lhe protegendo do mundo e das pessoas maldosas. Eu, porém, não tenho nenhuma dessas obrigações, mas faço-as sem esperar nada em troca; mas receber seus surtos, seus restos é insuportável. Eu não sou resto, eu sou inteira, e me entrego inteira para você. Não estou dizendo que vou embora, mas não se surpreenda se eu sumir por aí. Quem vive só de resto tem vontade de ir atrás de mais. E eu, simplesmente, não sou garota de restos.

     Há muitas coisas que aprendemos na vida, talvez a mais valiosa dela é que sem sonhos não seriamos nada. Já ouvi muitos chamarem os sonhadores de loucos, astronautas de viverem no mundo da lua, inventores de insignificantes. Interessante. Nessas mesma pessoas que não acreditam eu vejo inveja: elas estão tão vazias que não conseguem mais sonhar. Ah, sinto pena. Eu já vi um grande inventor. São peças pequenas, e para olhos inexperientes, inúteis. O que eu vejo? Alguém que tem a mente muito além, alguém que sabe que sonhos valem a pena, mesmo após colecionar tantos fracassos. A meu velho, a vida é um eterno desafio, e com tantos vazios poucos vão valorizar suas ideias. Isso não significa que elas não são surpreendentes. O primeiro telescópio ninguém valorizou, a primeira experiência ninguém acreditou. Os humanos são meio fracos nesse quesito: precisam estar na frente dos olhos, no alcance do tato e cheio de créditos para ser visto. E aos poucos você alcança tudo isso. ...

     Não sabia dessa parte do seu passado. Saiba que só te admiro mais por isso. Cada pessoa tem um monstro que a assusta nos momentos mais escuros- para cada um ele é aterrorizante. Momentos escuros, porém, acabam e chega a luz; monstros, porém, são expulsos para fora de nós. A luta não é fácil, e saiba que ninguém lutará por ti - poucos apenas estarão te esperando quando acabar, e talvez até te deem cobertura. Passado é passado, e querendo ou não ele tornou você quem é hoje. Nunca esqueça dele, mas deixe ele para lá. Use-o como uma arma e não como uma desculpa. E saiba que o futuro ainda reserva muitas batalhas, mas também muitas vitórias. E terá sempre Alguém lá em cima olhando por você, e alguém aqui, não muito perto, e por vezes pequenino, mas que estará torcendo para que você chegue bem longe.

Ela tinha muitas palavras. Ela era quase um dicionário ambulante. Falava, falava e falava e nunca lhe faltaram letras. Era sua forma de se expressar: palavras cruzadas não era um desafio, as conhecia de cabeça para baixo. Ela sempre sabia o que dizer, e não perdia a oportunidade de intervir. Alguns a achavam incrivelmente chata, outros viam uma incrível simpatia. Eis que ele cruzou a vida dela, e de repente aconteceu algo inacreditável: ela ficou sem palavras.

A morte não me assusta. A morte vem rápida e já não há mais nada. A vida, porém, sofre-se devagar, até a rendição. Viver é inevitável, cheia de acertos, equívocos, agitada, conturbada, excitante. A morte é calma, densa, acolhedora. Não prefiro nem uma, nem a outra. É o que é: um ciclo. Viver é uma missão irrecusável, e morrer é uma grande aventura.

  No meio de todas aquelas pessoas, ele se sentia sozinho, mas incrivelmente bem. Era estranho sentir o vazio- talvez até amedrontador- mas não ruim. O vazio o completava tão bem... Chegou a conclusão que ele a solidão formavam um belo par.   À noite ele a chamaria para dançar.

       Estou sozinha, olhando pareço bem perdida... no caso, estou mesmo. Se me entendes, porém, não me sinto tão forte há muito tempo. Isso não significa segura, apenas forte. O sorriso já não vem fácil como antes, mas as lágrimas também; se petrificaram. Eu mudei, e não sei listar nenhuma dessas mudanças, porém eu sinto, e os outros também. Creio fazer parte de crescer. Paramos de fazer birra, brigar com o tempo, achar um culpado; e finalmente, vemos que o ator de tudo é nós mesmos. Ou pelo menos devia ser assim.       É acho que estou bem perdida, contudo, como se achar sem se perder? Eis que aqui comece minha busca, talvez...       Boa sorte e au revoir       Não me prendo nem em mim, quanto mais à quem não quer ficar.