Eu cresci II
Eu cresci. Estou mais alta, tenho mais idade, minhas roupas não servem mais. Cortei meu cabelo, o deixei crescer, enrolei, alisei. Enjoei de batom e depois exagerei no vermelho. Substitui alguns tênis por saltos, sutiãs simples para o Bojo. Não preciso mais segurar sua mão ao atravessar a rua, nem pedir para que me leia aquela história. Já sei me servir sozinha e escolher minhas roupas. Meu olhar ganhou experiência e meu rosto já foi regado com novas lágrimas. Não vejo mais aqueles desenhos e minhas piadas já têm outra conotação. Não preciso mais que me carregue no colo e não há mais espaço para infantilidades como fingir estar dormindo para ser posta na cama, ou correr caso algo me dê medo. Não tenho mais desculpas esfarrapadas: toda hora é hora de agir. Não sou mais eu que preciso de cuidados, e sim eu que preciso cuidar. As pessoas já não acham fofo que eu tenha amores platônicos ou fale de reinos mágicos. Elas querem realidade: "quando vocé finalmente irá crescer?". Ah!