Eu cresci I

Com V.Nonnenm

Eu cresci. Estou mais alta, tenho mais idade, minhas roupas não servem mais. Cortei meu cabelo, o deixei crescer, enrolei, alisei. Enjoei de batom e depois exagerei no vermelho. Substitui alguns tênis por saltos, sutiãs simples para o Bojo. Não preciso mais segurar sua mão ao atravessar a rua, nem pedir para que me leia aquela história. Já sei me servir sozinha e escolher minhas roupas. Meu olhar ganhou experiência e meu rosto já foi regado com novas lágrimas. Lágrimas estas que regaram minha alma e abriram espaço para uma garota inexperiente e insegura brotar e virar uma jovem mais segura. Pouco a pouco os pequenos acontecimentos bons e ruins foram me moldando. Moldando uma estrutura mais forte e resistente.... pois bem, isso é o que dejeso que o mundo pense, ou que eu mesma pense. Pois nas profundezas do meu ser existe uma garotinha chorando,clamando por um ombro amigo. Clamando por aquela mão que me guiava e caminhava junto a mim quando o mar negro ameaçava nos engolir... Pois essa garotinha representa uma fatia de mim, ser composto por diversas fatias que se moldaram e modificaram ao longo dos anos, e que sempre existirão, independente das fases da vida.
Mas agora, eu cresci. Essas atitudes tão fofas e ingênuas de crianças são julgadas e escarrasadas atualmente. Essa garotinha já não pode mais ser vista, ela precisa ficar lá e aprender a se virar sozinha. Em contrapartida ela já não é tão inocente, já não é tão frágil. Aprendeu a ser dura, se acostumou com as ofensas, apreciou as cicatrizes. Ainda tem o mesmo brilho, mas agora é gélido. Nenhuma maturidade vem de graça não é mesmo? Ou perdemos a fé ou substituímos a religião. Criei-me conforme a vida ia me conduzindo, tomei forma dos meus obstáculos e dos meus inimigos. Posso dizer que agora sou mulher, em todos os sentidos, já pequei e vivi, deveras perdoei. Mas se eu olhar naquele espelho ainda me vejo pequena, acho que no fundo mesmo, nunca se muda a essência.

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