Eu aceito

                Às vezes nós nos apaixonamos por certas pessoas e então não há mais jeito: é "ele". Comigo foi assim... Amor não tem idade, nem sexo, nem nada. Amor é abstrato, e o meu também foi.

            Ele era meu companheiro, meu melhor amigo. Foi quem me mostrou o que é estar apaixonada; o desespero do primeiro beijo; o medo da perda; e principalmente a coragem de lutar por isso. Estar apaixonada por ele era como estar viva: cada sorriso com ele, apenas me deixava mais certa que eu o queria "para sempre". Haverá quem dirá que sou muito nova, e que pouco sei sobre isso - inclusive eu mesma era assim. Porém quando o coração chama, é ir na fé.

                  Eu perdia-me nos abraços dele- era onde me sentia completa. O amor é isso: alguém que te faça melhor do que já é. É completamente louco- principalmente aqueles arrepios ao toque-; eu sentia-me segura, e tímida demais para admitir até para mim mesma. 

Ele não é igual a mim. Na intimidade somos até opostos: eu extrovertida e ele não. Porém entre nós, nunca faltou respeito, mesmo que eu soubesse que ele mal sabia lidar com uma garota, ele fazia tudo certo, daquele jeito desajeitado dele. Ele é mais velho, 10 anos mais, mas isso nunca foi impedimento para nossa conexão. É muito preconceito com isso, e claro que, entre muitos medos, um deles era superar isso. Não foi fácil! Caramba! Pensa comigo: amor adolescente já passa por tantas fases! Pensar em estudar, qualquer erro parece o fim do mundo, pressão dos pais, um futuro apavorante e incerto pela frente... E ainda enfrentar a opinião tola dos outros? Pois é. Contudo, certas coisas valem a pena. Ele valeu a pena. Nós valemos a pena. E com ele ao meu lado, enfrentaria tudo novamente.

                Então foi meio assim... Quando os olhos deles já pareciam um abismo, e aquela brincadeira de namoradinhos começou a ficar séria, eu sabia que era aquilo que queria. E eu teria. Como dizem, sou bagual mesmo, e não ia desistir assim. Assumimos. Não foi mais fácil por termos parentes em comum. Por certo tempo, foi só nós dois contra o mundo. Ninguém aceitou. Mal se quer sabiam o que falar. No meio de tudo a distância e uma decisão... Porém, mesmo que eu nós não quiséssemos, ela já tinha sido escrita.

                 Para podermos ficar juntos, decidimos nos casar. Choque!!. Não havia mais volta, faríamos isso de qualquer jeito, e a única opção era apoiar. Incerta, porém atenta, minha mãe olhou nos meus olhos- não duvido que estivesse lendo meus pensamentos-, e quando viu que eu estava decidida, e plenamente feliz com isso, ela abriu um sorriso e me abraçou. "Se estás feliz, também estou". Nosso destino- meu e dele- era de Deus agora. E Deus abençoou.

            Ao lembrar do nosso casamento, lágrimas de alegria enchem-me os olhos! Foi o dia mais feliz! Nunca pensei que poderia me sentir tão plena, segura, linda, enfim, tão eu mesma! Ele fazia-me sentir assim. Ele conseguia ver-me como ninguém mais conseguia. Ele acelerava meu coração, mas trazendo apenas paz... E no "eu aceito", pude ver que eu também fazia isso com ele. Eu também o tocava fundo, na mesma intensidade que ele me tocava.

“Eu aceito”. Duas palavras que mudaram o sentindo da minha vida. Nós aceitamos estar juntos, nós aceitamos enfrentar os desafios, nós aceitamos aceitar as birras um do outro, nó aceitamos, nós assinamos nosso “para sempre”. Sim, talvez seja cedo. Talvez nós mal saibamos o que fizemos, mas no fundo alguém sabe? Quem sabe o que há de vir? Isso não depende da idade, o destino é incerto.

              Seja pelo que for, seja tudo que ainda tenho para realizar, eu decidi- nós decidimos- que seria compartilhado com ele. Quem sabe quanto durará? Eu sei que será para sempre, sempre enquanto durar, até porque o amor não acaba: ele se transforma. E a cada dia que acordo, sentindo sua respiração perto de mim, ouvindo ao deitar no seu peito, seu coração batendo no mesmo ritmo que eu; eu sei que “eu aceito”.