Aqui jaz um homem




Hoje vi um homem morrer
Se chorei por ele ter morrido?
Não, ele não significava nada para mim
Mas fiquei transtornada sim
E talvez alguém choraria por mim
O sangue jorrava do seu peito
Seu coração continuava a bater
Pobre corpo que insistia em viver
Sangue respingava
Foi posta uma toalha para conter
Olhos imóveis, vidrados
No nada a ver
Sua pele empalecia
Seu corpo padecia
Sua alma se desvanecia
Perguntava-me se alguém
Seu nome lembraria
Curiosos assistiam a sua morte
Como um espetáculo inédito
Tolos que viam aquilo para fugir do tédio
Que graça há em ver um homem morrer?
Eu estou entre eles e olhei
Mas eu a sua morte escrevo
Quem sabe eu o honrarei?
Quem sabe para onde sua alma foi?
Mas seu corpo irá para o cemitério
Que segredos a morte sepultou?
Que histórias ela encerrou?
Alguém para trás deixou?
Se houve dor em sua passagem
Quem sou eu para saber?
Eu só uma vida que talvez em paz pereça
E aprendi que a morte não se trata com indiferença
O “show” acabou
E a multidão se dispersa
Seguem como se nada tivesse acontecido
Ocupados de mais com sua avareza
Para lembra do acontecido com o mínimo de tristeza
Mas eu lembro
E aqui escrevo
Da morte não se esquece
E se assim, isto relerei
Ali jaz um homem
Do qual o nome jamais saberei 

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