Corda
Nunca sentaram perto de mim e tiveram uma conversa franca, daquelas que pode terminar em choros e abraços; eu sempre tive que aprender sozinha, chorar sozinha e abraçar sozinha. Eu tentei tanto segurar as pontas que desfiz os nós e tudo arrebentou, mas eu não paro de tentar segurar - lá vou eu dar mais um nó. Quem eu preciso, já não é mais forte, então eu tenho que ser por mim e por eles. Há quem dirá "nada a ver, a responsabilidade não é sua", fácil falar, não é você que vê a corda arrebentar depois, e acredite é bem pior. O ruim de ter tanta responsabilidade emocional nos ombros e ser a mais nova, é que ninguém acha que você carrega esse peso - para eles é só frescura da sua parte. Você é subestimado, exigido, e quando suas mãos machucam e você solta, cai tudo sobre você - ou a culpa ou a raiva - e esse tipo de atenção é o que você menos quer, porque daí você já não é mais vista nem como alguém "normal", mas doente.
Eu me descontrolo sim, eu sinto medo sim, eu erro sim, eu sim, sim. Eles já tentaram ver o quanto me esforço?O quanto eu quero ser diferente nesse aspecto? Eu quero ter autocontrole, eu posso sem precisar de nenhuma droga de remédio, de nenhuma droga de terapia, sem nenhuma droga. Talvez eu só precisasse, quando as coisas parecem sair de foco, de um abraço, uma palavra encorajadora, não um "vá tomar seu remédio". Dependente é a última coisa que quero ser, e a única coisa que posso confirmar que sou. Porém, conversar é pior, eles não enxergam a corda, eles não querem vê-la, estão focados demais nas próprias como se não houvessem outras, como se ninguém mais tivesse que segurar uma. Isso é o mal, pois eles deviam enxergar a minha - em silêncio de preferência - e quando a deles parecesse mais frouxa, me ajudar a segurar - e vice versa. Eu faço isso, ou tento, afinal muito da força que os lados fazem, não são de minha obrigação revidar, mas eu revido. Mas um dia esse corda arrebenta de vez, e não haverá nó a consertá-la, me obrigo a dizer que nada vai mudar, e que talvez esse dia nunca chegue, ou eu não chegue lá.
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