É incrível como é fácil fazer a cabeça de alguém, mesmo as pessoas mais fortes, movidas pelo medo e desestimulação, podem se tornar manipuláveis. Eu sinto tanto, tanto mesmo. Tudo que ela se abriu comigo, todos os receios que calmamente eu fiz ela perder, voltou tudo. Nós voltamos a estaca zero. Eu tenho força de fazê-la se livrar novamente? Tenho forças de amá-la com essa fraqueza? De estar com ela até ela conseguir lutar por nós? Sinto tanto, tanto mesmo, por ela sofrer sobre essa submissão aos outros. Por ela ter tanto medo. É difícil lutar por alguém que mal sabe lutar por si mesmo.
Era um papel em branco, onde escrevi e despejei tudo o que cresceu dentro de mim. Tudo desde o início até então: cada palavra, cada gesto, todo amor que recebi, bem como todo o medo que enfrentei e assim selei com lágrimas. Jamais entreguei a ninguém. Era íntimo demais, e eu não queria me desfazer por medo de não lembrar mais o que eu possuia. Doces palavras me fizeram entregar esse papel a ele, e ele até o guardou no bolso. Contudo, como todas minhas desconfianças suspeitavam, não demorou muito para ele descartar o papel, amassou-o e o jogou no lixo. É onde diria que você se encaixou. Talvez tivesse para ser tido para ti desde o inicio, ou agora seja o momento certo, ou talvez você dê o mesmo inevitável fim. Mas você juntou meu papel, desamassou e pôs-se a desvendar as palavras supérfulas escritas, e se permitiu repousar o olhar nas entrelinhas. Senti-me escrita nos seus sussurros. E agora, já reescrevendo-me, em nova folha, quero entregar-te, para ser lida novamente. ...
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