É assim que venho me sentindo ultimamente. Fora de mim, em piloto automático. Vivo sinto, mas é momentâneo, rápido. É como uma queda constante, não há inicio nem fim, apenas o vazio e o ar zunindo nos ouvidos. O coração já desacelerou e agora mal ouço meus batimentos, mal há respiração. Não há noção de certo ou errado, nem de onde tudo vai dar. Não tenho foco, apenas flashes de ocasiões que tento eternizar. Há dor que sufoca e saí em extravagâncias desnecessárias, e há palavras que ficam presas e são mal interpretadas. Há tudo menos eu, há tudo menos meu famigerado eu. A essência se mostra mas a personalidade se perde, e eu me perco. Hei de pedir desculpas pois não sei o que está acontecendo. Estou tentando alcançar partes porém não as capturo, as coisas escapam das minhas mãos às vezes por milímetros. Estou perdendo o controle me agarrando a qualquer coisa que me dê a ilusão de que ainda o tenho. Perdoe-me. Sou apenas um fantasma de mim mesmo tentando ganhar forma. Esta ainda está distorcida.
Era um papel em branco, onde escrevi e despejei tudo o que cresceu dentro de mim. Tudo desde o início até então: cada palavra, cada gesto, todo amor que recebi, bem como todo o medo que enfrentei e assim selei com lágrimas. Jamais entreguei a ninguém. Era íntimo demais, e eu não queria me desfazer por medo de não lembrar mais o que eu possuia. Doces palavras me fizeram entregar esse papel a ele, e ele até o guardou no bolso. Contudo, como todas minhas desconfianças suspeitavam, não demorou muito para ele descartar o papel, amassou-o e o jogou no lixo. É onde diria que você se encaixou. Talvez tivesse para ser tido para ti desde o inicio, ou agora seja o momento certo, ou talvez você dê o mesmo inevitável fim. Mas você juntou meu papel, desamassou e pôs-se a desvendar as palavras supérfulas escritas, e se permitiu repousar o olhar nas entrelinhas. Senti-me escrita nos seus sussurros. E agora, já reescrevendo-me, em nova folha, quero entregar-te, para ser lida novamente. ...
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