Eu perdi o foco, tanto que me perdi junto. Não sei exatamente onde as coisas começaram a dar errado, mas elas deram. Hoje sou apenas pedaços dispersos. Tento desesperadamente encontrar as partes que faltam, mas elas parecem ter fugido com vento. Perdidas no tempo. E que saudades do antigo tempo, mas passou, agora é ir em frente com o que resta. Sabe, dói. Cada batida no meu peito dói mesmo que a solidão já não seja tão avassaladora. Os erros me perseguem, mas talvez não haja nada do que se arrepender. Não sei se vejo muito a frente, talvez eu não tenha recuperado o foco, talvez eu o esteja perdendo de novo. De qualquer maneira acho que não há outra forma de se achar. Talvez a dor valha a pena... Ainda assim as batidas me ensurdecem.
Era um papel em branco, onde escrevi e despejei tudo o que cresceu dentro de mim. Tudo desde o início até então: cada palavra, cada gesto, todo amor que recebi, bem como todo o medo que enfrentei e assim selei com lágrimas. Jamais entreguei a ninguém. Era íntimo demais, e eu não queria me desfazer por medo de não lembrar mais o que eu possuia. Doces palavras me fizeram entregar esse papel a ele, e ele até o guardou no bolso. Contudo, como todas minhas desconfianças suspeitavam, não demorou muito para ele descartar o papel, amassou-o e o jogou no lixo. É onde diria que você se encaixou. Talvez tivesse para ser tido para ti desde o inicio, ou agora seja o momento certo, ou talvez você dê o mesmo inevitável fim. Mas você juntou meu papel, desamassou e pôs-se a desvendar as palavras supérfulas escritas, e se permitiu repousar o olhar nas entrelinhas. Senti-me escrita nos seus sussurros. E agora, já reescrevendo-me, em nova folha, quero entregar-te, para ser lida novamente. ...
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