Ela pensa em muitas coisas, tem sonhos bem longínquos. Olha para ela: uma menina tão pequena num mundo tão gigante. Apenas um grãozinho de areia, apenas um dígito nas estatísticas. Ela não é inteligente. Nem de longe é tão bela. Ela não tem nada de especial. Ela poderia não ser nada, um espaço em branco, alguém que não faz falta. Poderia. Ela é sim apenas uma para o mundo, mas não para todos. Ela marca, ela ama, ela acolhe e do mesmo modo é tratada. Ela é um nada muito importante para tantos outros nadas. Ela sonha. Ela acredita. Ela já é diferente da maioria. Ela pode ser apenas uma ínfima estrelinha na imensidão do espaço, mas ela é um estrela. Ela brilha. Sem ela o espaço seria menos belo. Ah! E vendo de tão longe uma estrela é tão pequenina! Mas é tudo ilusão de óptica....
Era um papel em branco, onde escrevi e despejei tudo o que cresceu dentro de mim. Tudo desde o início até então: cada palavra, cada gesto, todo amor que recebi, bem como todo o medo que enfrentei e assim selei com lágrimas. Jamais entreguei a ninguém. Era íntimo demais, e eu não queria me desfazer por medo de não lembrar mais o que eu possuia. Doces palavras me fizeram entregar esse papel a ele, e ele até o guardou no bolso. Contudo, como todas minhas desconfianças suspeitavam, não demorou muito para ele descartar o papel, amassou-o e o jogou no lixo. É onde diria que você se encaixou. Talvez tivesse para ser tido para ti desde o inicio, ou agora seja o momento certo, ou talvez você dê o mesmo inevitável fim. Mas você juntou meu papel, desamassou e pôs-se a desvendar as palavras supérfulas escritas, e se permitiu repousar o olhar nas entrelinhas. Senti-me escrita nos seus sussurros. E agora, já reescrevendo-me, em nova folha, quero entregar-te, para ser lida novamente. ...
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