Escuridão
Seus ossos estalam. A cabeça dele gira e sua boca está seca. Por mais que tentasse abrir os olhos tudo contia escuro. Não há som nenhum além do ruído de sua respiração, e o ar está gelado. Ele tenta forçar a sua memória a lhe dizer onde está mas sua mente está em branco e a tontura o faz desistir. Ele chama por um nome porém tudo que houve é sua própria voz em resposta. Não há ninguém. Não há nada. Ele se levanta e seu corpo está pesado, ou ele está miseravelmente fraco. Arrasta seus pés para frente, com as mãos estendidas; não sente nenhuma superfície. Há o chão e nada mais além para ser sentido. No que parece horas, o espaço parece não acabar. Desesperado, cansado se joga no chão. Seu coração agora já acelerado, ele já sente o medo circulando em suas veias. O ar gelado se torna rarefeito. Ele não lembra o porque, nem sabe onde está, mas algo lhe diz que não é algo temporário, que não há maneira de sair. Ele está preso em uma imensidão negra, sem ruídos. Sozinho. Para sempre. Ele grita pelo nome novamente.
Helena está sentada o que parecem ser horas. O som das sirenes fica cada vez mais alto, mas ela está paralisada, seu coração tamboreja em seus ouvidos em um ritmo frenético. Como isso foi acontecer? Ela não achava que alguém fosse capaz de fingir tão bem. Havia ódio dentro dela mas também o vazio, o vazio que o amor deixou. Nenhum pensamento se prendia em sua mente, ela estava em branco. Jamais se perdoaria por não ter notado. Jamais perdoaria ele por ter sido tão infantil. Jamais deixaria de amá-lo. Não havia mais dias para serem contados. De repente seu corpo se arrepia, e de leve, desesperado ouve o sussurro de seu nome. Era ele. Ela grita de volta, apenas levantando os olhares dos enfermeiros da ambulância. Ela grita, esperneia , até que tem que ser imobilizada. Ela então desaba. Ele estava perdido dela. Ele estava perdido de tudo. A alma daquele corpo suicida à sua frente estava condenada. A morte não mata apenas o morto. O suicídio não condena apenas o suicida. São apenas escuridões distintas.
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