Talvez a coisa mais difícil seja aceitar que tudo isso um dia irá acabar. Que não haverão mais sorrisos juntos e nem trapalhadas, que no final será cada um por si e não ouviremos mais as vozes cantarem juntas. Mas nada que um dia foi unido será definitivamente separado. Haverão as memórias gravadas na nossa mente, as lutas, as vitórias. Uma amizade real não finda com o tempo. E quando o show acabar, a platéia ainda estará lá não deixando que os aplausos silenciem.
Era um papel em branco, onde escrevi e despejei tudo o que cresceu dentro de mim. Tudo desde o início até então: cada palavra, cada gesto, todo amor que recebi, bem como todo o medo que enfrentei e assim selei com lágrimas. Jamais entreguei a ninguém. Era íntimo demais, e eu não queria me desfazer por medo de não lembrar mais o que eu possuia. Doces palavras me fizeram entregar esse papel a ele, e ele até o guardou no bolso. Contudo, como todas minhas desconfianças suspeitavam, não demorou muito para ele descartar o papel, amassou-o e o jogou no lixo. É onde diria que você se encaixou. Talvez tivesse para ser tido para ti desde o inicio, ou agora seja o momento certo, ou talvez você dê o mesmo inevitável fim. Mas você juntou meu papel, desamassou e pôs-se a desvendar as palavras supérfulas escritas, e se permitiu repousar o olhar nas entrelinhas. Senti-me escrita nos seus sussurros. E agora, já reescrevendo-me, em nova folha, quero entregar-te, para ser lida novamente. ...
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