Vejo-me

Eu me vejo bem, mas pelo jeito me vejo pouco. O profundo no fim era demasiado raso, e meus olhos não viam quem eu era. Acho que, se nem eu, ninguém veria, porém ela vê. Ela não sabe o que o vê, como vultos que passam pelos cantos, mas ela enxerga. Há muito o que se enxergar em tão pouco espaço de tempo, contudo sem perceber, ela tem os olhos atentos. O que eu não via, vi nela tão nítido e tão claro que me permitir enxergar com seus olhos aquele mundo, meu mundo. Vi-me pelos olhos de outro e fui tão diferente do que julgava ser. Vi-me pelos olhos de quem ama, e vi-me tão melhor do que eu podia perceber. Superficial, normal, defeituosa, em contradição com grande massa, significativa, uma existência que achava não ter. Um olhar, vago, tão raso quanto o meu, mas com tanto mais amor e interpretação quanto jamais me pus a pensar.
Eu abri os olhos pela primeira vez.
Ela me viu,
Então eu me enxerguei.

💙💙

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