Toda mudança é dolorosa, cada passo é esgotante. Nunca minorize uma dor, uma luta ou uma vitória. Facilidades não existem e cada um sabe o que lhe assusta. E medo, meu caro, este é quase tão impotente e opressor quanto a morte, quiçá ele é mais cruel. Não é necessário ter idade dos livros para possuir seus conhecimentos e nada é jovem demais que já não tenha visto a dor. Cada dia é uma incógnita: carregando a carga dos temores e, não menos assustadora, a liberdade. Por isso, onde vou reparo nos pequenos passos, busco por pequenas evoluções, porque a força não vem da ausência do medo, mas de saber que há algo maior que ele. E cedo ou tarde haverá algo que valerá sentir a adrenalina e ficar na beira do abismo. Apenas feche - ou abra- os olhos e vá.
Era um papel em branco, onde escrevi e despejei tudo o que cresceu dentro de mim. Tudo desde o início até então: cada palavra, cada gesto, todo amor que recebi, bem como todo o medo que enfrentei e assim selei com lágrimas. Jamais entreguei a ninguém. Era íntimo demais, e eu não queria me desfazer por medo de não lembrar mais o que eu possuia. Doces palavras me fizeram entregar esse papel a ele, e ele até o guardou no bolso. Contudo, como todas minhas desconfianças suspeitavam, não demorou muito para ele descartar o papel, amassou-o e o jogou no lixo. É onde diria que você se encaixou. Talvez tivesse para ser tido para ti desde o inicio, ou agora seja o momento certo, ou talvez você dê o mesmo inevitável fim. Mas você juntou meu papel, desamassou e pôs-se a desvendar as palavras supérfulas escritas, e se permitiu repousar o olhar nas entrelinhas. Senti-me escrita nos seus sussurros. E agora, já reescrevendo-me, em nova folha, quero entregar-te, para ser lida novamente. ...
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