Cinco Minutos - post



                Eu sentava todos dias naquele assento, exatamente no mesmo lugar: no fundo, bem no canto. Não tinha graça nenhuma: eu apenas ficava ali quieta observando os outros- e nem queira saber quanta coisa vi e ouvi daquele canto, seria o suficiente para escrever um livro de confissões. Mas o principal era que eu vi dois garotos sempre conversando sobre jogos, musicas e gordices. Se o ônibus era uma chatice, assim que comecei a prestar a atenção neles, o caminho de volta para casa se tornou mais divertido.
                Tentava esconder que estava rindo- coisa que não é fácil na minha personalidade- e me divertia com comentários aleatórios. Eu não sei por que eles me cativaram tanto… eram apenas dois garotos que via no ônibus. Talvez seja por que não eram pessoas como as outras: eles conversavam sobre o que gostavam, não sobre os outros; eu não ficava ouvindo fofocas, mas piadas. Pessoas que são capaz de se destacar por pequenos detalhes se tornam importante, pelo menos nos minutos em que você as vê.
                Jura que estou falando sobre meus cinco minutos no ônibus?  Acho que é algo interessante que me acontece todo o dia: ter encontrado amigos de ônibus, e nesse cinco minutos não ser isolada, mas parte de uma “conversa de ônibus”.  É acho que é isso. É algo tão pequeno, mas você se acostuma com essa presença, com essa rotina. São apenas cinco minutos, mas agora sem eles naquele ônibus, se tornam os cinco minutos mais improdutivos do dia. Esses minutos se tornariam um bom conto não acha?

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