É engraçado, eu sinto a dor martelando no peito, como pancadas de dentro para fora. A preocupação sem sentido, preenchendo meus pulmões e expulsando todo o ar do interior deles. Cada batida do coração, ecoa como rufar de tambores, deixando-me zonza e atordoada. O percorrer do sangue é como se minhas veias estivesse se corroendo, e meu corpo fraqueja. Então, de repente, é como se estivesse morrendo lentamente: estar viva se torna insuportável.
Depois? Não morri. Depois passa.
O corpo após a rigidez da tensão, se acalma mas não consegue realizar nenhum movimento com precisão: está mole. A mente fica do mesmo jeito de quando se ouve um som alto e após se cai no silêncio, parece que o ruído do mesmo é absurdamente alto. As lágrimas fizeram marcas no rosto ao secarem, mas os olhos não se encontram mais vermelhos, apenas cansados. Em poucos segundos não haverá mais nada que demonstre aquele momento e ninguém saberá. Caberá só a mim a guardar o pânico e o desespero dos poucos segundos que me dominaram. Dentro, haverá, sim, rastros. Rastros, manchas, rachos… uma nuvem preta tortuosa que perde força, mas insiste em habitar em mim.
Cada erro cometido é duas vezes mais difícil a mim de me perdoar. Eu multiplico e então um pequeno vacilo se torna algo grande e me sinto desmerecida de qualquer coisa que eu possa ter, até eu me tornar o erro novamente. Ao mesmo tempo que não se culpar não é viável, seria apenas mais um fuga.
Irônico, eu estarei bem, feliz, mas ao mesmo tempo não.
Como se o sorriso no rosto fosse a mais perfeita mentira que eu tivesse inventado, a ponto de nem eu mesma duvidar quando começo a contá-la. Mas não saberei explicar. Talvez seja a esperança de que jamais serei dominada por quem eu mais abomino: eu mesma. Ou por que saiba que logo, tão logo a alegria acabará, que vivo intensamente enquanto ela dura, ignorando qualquer outro empecilho. A dor então nem parece tanta, o desespero parece desnecessário, parece tudo uma frescura de criança mimada.
Mas o ciclo se repete.
E o problema do momentâneo esquecimento é que a intensidade lhe pega de surpresa toda vez.
Como se a cada mergulho você tivesse esquecido de como prender a respiração. Então, ela te derruba e suas costas curvam, você fica de joelhos, submissa. Não há som, mas o grito ecoa, e pinica seus poros, perturba seus ouvidos, agita cada célula. Enfrentar parece a solução, mas como enfrentar a si mesmo? Você então pensa se machucar, mas não tem coragem. Aquele corpo é seu, é você que sentirá a dor.
Você se arranha e se puxa, inutilmente tentando despir aquela pele. Borra o espelho para esquecer de seu rosto. Tenta sair de si para esquecer quem é, para não se sentir o erro na história.
O único caminho dos seus pensamentos além de repetições intermináveis de cada solitude e perdas, é pensar como é fraca a ponto de chegar a esse ponto, como é covarde em pensar cada coisa esdrúxula, quando há coisas piores a se preocupar. É um erro desde o primeiro pensamento, desde a concepção.
"É só por atenção". Alguém presta atenção? O que menos quer são olhos a ver tal depreciação.
Lutar contra esses pensamentos só levam ao fato de tê-los novamente.
Em um momento isso se acalma.
Mas não há mais expressividade no rosto.
O sorriso vem raso.
E de repente passa, como se nada tivesse acontecido. Está tudo bem. Não houve nada. E parece feliz novamente, sente-se feliz novamente. Nada vai lhe abalar. Nada é mais forte que você.
Será?
Só você.
O erro.
Não quero mais repetir o ciclo.
Por favor, me salve de mim mesma.
V.Elisa~
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