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Mostrando postagens de abril, 2016
O preenchimento do vazio é momentâneo, como se qualquer coisa fosse melhor que nada, mas nada é o que deve ser. Cada alegria, ou sentimento ocupa o espaço que deve ocupar, mas há aquele quarto vazio que ninguém consegue entrar. Eu, por ventura, não tenho a chave, e até hoje não encontrei quem a tenha. Devo eu a ter entregado em outros tempos, concedido meus segredos, mas então nos perdemos. Não vivo esperando que esse quarto vazio seja aberto, mas no fundo observo, cada ação que possa levar a isso. Será tudo isso uma armadilha do destino? Ou eu apenas que devaneio, enlouqueço, sem mal saber do que sinto?
Será que em alguma vida eu vivi algo tão intenso que minha alma não consegue esquecer e minha memoria não consegue alcançar? É possível que essa seja a causa da saudade de algo que nunca se teve, da dor que nunca se passou, do vazio que toma conta? Se for isso, há de interferir o destino. Pois o que é feito para ficar junto não se pode separar, e nem em cem vidas um amor pode se apagar.

Como posso te falar do amor?

    Como posso te falar do amor? Como posso te dizer para não criar expectativas se é exatamente o que fazemos? Como posso te dizer para não confiar muito se o amor se baseia nisso? Como posso te dizer para manter o orgulho e se valorizar, se quando amamos as vezes precisamos dispensar isso? Não posso te dizer para terminar se no amor nem sabemos sequer quando começou. Como te dizer para não esperar muito, mas se ao mesmo tempo você precisa ter paciência? Como posso te dizer para perdoar, se quando amamos não sabemos o que é perdoável ou não? Não posso te falar de amor. O amor é uma questão de tempo, de saber o tempo certo, e nem ao menos isso sabemos dizer quanto ou quando. O amor é diferente para cada um que senti-lo. Talvez você encontre alguém que pense igual a você ou talvez quem te faça mudar de ideia. Mas ele sempre será uma contradição e você vai ter que descobrir o que fazer. Mas quando amar minha filha, você vai saber que é amor. Não tenho como te dizer como, afinal, novame

Pouco sei de quem sou

Eu sou o que de mim resta O que é, nem eu sei Tanto tempo já passou Que não lembro o que perdi Nem sei o que deixei Do pouco fragmento faltam peças E outras sobram incômodas, dispersas Já sou quem não sou! E quem não sou simplesmente sou eu! Não sou nada que não seja nada além de mim Quem fui já não há mais de existir Ser quem não quis Meu ex ser morreu como semente de anis Já não sou quem imaginei (Se é que algum dia fui Ou se sequer realmente imaginei) Mas dos cacos rachados Que os deuses se debruçaram para ver quebrar Ainda sou vidro forte Fácil de juntar Sou o que semeei E de mim pouco sei

Padrão

"Não ria desse jeito" "Não seja escandalosa" "Você chama muita atenção" "Você é desleixada" "Desse jeito você vai ficar para titia" "Como assim você não quer casar???" "Escolha um homem rico" "Esse short não está curto demais?" "Não fale com tantos homens" "Não seja tão simpática com eles, vai parecer que você quer dar" "Você só está se atirando" "Você é uma puta?" "Tênis no cotidiano é coisa de homem" "Mulher tem que usar salto" "Depila tudo! É nojento ter pelos" "Seu cabelo não está muito curto?" "Nossa! Corta isso! Está parecendo uma crente" "Tape esse decote!" "Você está usando algo diferente hoje, tá procurando macho?" "Mulher tem que usar brinco!" "Não passe tanta maquiagem" "Não use batom forte" "Acho que você devia passar uma base" "Quem tem que

Eu cresci II

Eu cresci. Estou mais alta, tenho mais idade, minhas roupas não servem mais. Cortei meu cabelo, o deixei crescer, enrolei, alisei. Enjoei de batom e depois exagerei no vermelho. Substitui alguns tênis por saltos, sutiãs simples para o Bojo. Não preciso mais segurar sua mão ao atravessar a rua, nem pedir para que me leia aquela história. Já sei me servir sozinha e escolher minhas roupas. Meu olhar ganhou experiência e meu rosto já foi regado com novas lágrimas. Não vejo mais aqueles desenhos e minhas piadas já têm outra conotação. Não preciso mais que me carregue no colo e não há mais espaço para infantilidades como fingir estar dormindo para ser posta na cama, ou correr caso algo me dê medo. Não tenho mais desculpas esfarrapadas: toda hora é hora de agir. Não sou mais eu que preciso de cuidados, e sim eu que preciso cuidar. As pessoas já não acham fofo que eu tenha amores platônicos ou fale de reinos mágicos. Elas querem realidade: "quando vocé finalmente irá crescer?". Ah!

Eu cresci I

Com  V.Nonnenm Eu cresci. Estou mais alta, tenho mais idade, minhas roupas não servem mais. Cortei meu cabelo, o deixei crescer, enrolei, alisei. Enjoei de batom e depois exagerei no vermelho. Substitui alguns tênis por saltos, sutiãs simples para o Bojo. Não preciso mais segurar sua mão ao atravessar a rua, nem pedir para que me leia aquela história. Já sei me servir sozinha e escolher minhas roupas. Meu olhar ganhou experiência e meu rosto já foi regado com novas lágrimas. Lágrimas estas que regaram minha alma e abriram espaço para uma garota inexperiente e insegura brotar e virar uma jovem mais segura. Pouco a pouco os pequenos acontecimentos bons e ruins foram me moldando. Moldando uma estrutura mais forte e resistente.... pois bem, isso é o que dejeso que o mundo pense, ou que eu mesma pense. Pois nas profundezas do meu ser existe uma garotinha chorando,clamando por um ombro amigo. Clamando por aquela mão que me guiava e caminhava junto a mim quando o mar negro ameaçava nos eng
Não há estrelas no céu, está escuro , nublado e vazio. Não há rastros nos chão, nenhuma alma para seguir meus passos ou ouvir meus gritos. Não há som, nada além das batidas descompassadas do meu coração, nada além da minha respiração. Está vazio, não sei por que esperei que fosse diferente. Refugio é para ser solitário, ao se esconder não queremos ser encontrados, não é? Errado. Meio certo. O vazio é mais torturante que a dor. Talvez mesmo que eu esteja sempre em fuga, eu não espere que alguém me faça ficar, mas que saiba para onde irei. Mas esse alguém não existe. Não está aqui. Estou sozinha e como sempre ouço apenas meus pensamentos.